quarta-feira, 23 de abril de 2008

Trigésima Linha

Gssss!!!
A eternidade da tua ausência leva a procura desse lugar amoroso que povoa a infinita ceara de trigo dos extensos campos da alma. Faz-me percorrer imensos momentos de passos atrás de passos na estrada sófrega de luz que coabita no mais fundo poço do meu peito, que em silêncio leva as águas perdidas de uma corrente imersa do pensamento em busca de um lago terno onde tu habitas.
Ninguém serás até ao momento em que a minha noite vira dia e as nuvens que me percorrem encontram o azul do céu, serás lembrança do nevoeiro que nos dias repletos de vazio e insignificância me perseguia. Falarás no ar que de mim respiras, do cheiro que de mim emanas, das palavras que para ti profiro, dos toques que lamentam a tão prolongada ausência do nada e choram o tão esperado futuro eterno dessa efemeridade.
Sentiremos juntos a cobrança do tempo e o desejo frenético de um beijo que em silêncio expelirá as doces e constantes memórias sobvalorizadas da matéria que nos compõe. Memórias que não são mais que frases feitas falhadas do pensamento e vontades imaginárias de se sentir os dois sendo um só corpo.
O futuro por nós desconhecido nada mais é senão o amanhã e o depois de amanhã, soluços da nossa existência neste percurso artilhado de bombas e chupa chupas.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Vigésima Nona Linha

Tu e Eu...

"Eu tenho o tempo,
Tu tens o chão,
Tens as palavras
Entre a luz e a escuridão.

Eu tenho a noite,
E tu tens a dor,
Tens o silêncio
Que por dentro sei de cor.

E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.

Eu tenho o medo,
Tu tens a paz,
Tens a loucura que a manhã ainda te traz.

Eu tenho a terra,
Tu tens as mãos,
Tens o desejo que bata em nós um coração.

E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós."

Pedro Abrunhosa