sexta-feira, 16 de maio de 2008

Trigésima Segunda Linha

Por ai... caminhando e observando
Olho cada grão de pó, cada pequeno ser de pólen, cada folha que brota, cada flor que nasce, cada passo que dou no chão. Observo cada direcção que cada um toma, cada escolha que faz e que lhes é feita, que tão subtilmente nos leva ao devaneio da sua existência e à casualidade do momento. Apercebo-me que cada milimetro que percorrem é uma exactidão do seu percurso e do meu percurso.
Para tudo há uma razão plausível, uma história inerente, um silêncio terno de conhecimento. Os acasos são meras possibilidades de quem não acredita ou tem medo de aceitar as mensagens que lhes estão sendo dadas. Cada pequena porção de nós e do mundo pretendem contar uma história e levar cada espaço, cada ser ao lugar que lhe pertence. A luz guia-nos inteiramente nesse vazio que vai do nascimento à morte. Vazio esse que se vai preenchendo com aquilo que somos, que nos completa, que nos desenha. Vazio esse que se torna intenso de qualidades e de significado. Vazio que se enche de ensinamentos, de erros, de respiros, de lágrimas, de sorrisos, de palavras, de gestos, de histórias, de momentos, de silêncios, de pensamentos, de física e química, de matéria, de lições, de objectivos, de partidas e chegadas, de corações e sentimentos, do nada e do tudo, dos cheiros, das cores, do tacto, de sensações, de perguntas e respostas, de pegadas, de mtos passos!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Trigésima Primeira Linha

Por ai... caminhando
O percurso em torno do saber continua, sobre pedras, vidros, terra e esterco vou desembocando nas verdades que me compõem e completam cada célula que me define. Aposto em cada segundo do pensamento, aprendo com todos os segundos despreendidos dos outros que me rodeiam e lanço energia ao ar para que penetre nos seus corações e desenhe subtilmente o caminho de cada um inclusive o meu... Dúvida atrás de dúvida vou chegando às certezas que me deixam dar mais um passo de vida, de esforço, de conquista e de esperança.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Trigésima Linha

Gssss!!!
A eternidade da tua ausência leva a procura desse lugar amoroso que povoa a infinita ceara de trigo dos extensos campos da alma. Faz-me percorrer imensos momentos de passos atrás de passos na estrada sófrega de luz que coabita no mais fundo poço do meu peito, que em silêncio leva as águas perdidas de uma corrente imersa do pensamento em busca de um lago terno onde tu habitas.
Ninguém serás até ao momento em que a minha noite vira dia e as nuvens que me percorrem encontram o azul do céu, serás lembrança do nevoeiro que nos dias repletos de vazio e insignificância me perseguia. Falarás no ar que de mim respiras, do cheiro que de mim emanas, das palavras que para ti profiro, dos toques que lamentam a tão prolongada ausência do nada e choram o tão esperado futuro eterno dessa efemeridade.
Sentiremos juntos a cobrança do tempo e o desejo frenético de um beijo que em silêncio expelirá as doces e constantes memórias sobvalorizadas da matéria que nos compõe. Memórias que não são mais que frases feitas falhadas do pensamento e vontades imaginárias de se sentir os dois sendo um só corpo.
O futuro por nós desconhecido nada mais é senão o amanhã e o depois de amanhã, soluços da nossa existência neste percurso artilhado de bombas e chupa chupas.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Vigésima Nona Linha

Tu e Eu...

"Eu tenho o tempo,
Tu tens o chão,
Tens as palavras
Entre a luz e a escuridão.

Eu tenho a noite,
E tu tens a dor,
Tens o silêncio
Que por dentro sei de cor.

E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.

Eu tenho o medo,
Tu tens a paz,
Tens a loucura que a manhã ainda te traz.

Eu tenho a terra,
Tu tens as mãos,
Tens o desejo que bata em nós um coração.

E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós."

Pedro Abrunhosa

segunda-feira, 31 de março de 2008

Vigésima Oitava Linha

Saber amar

Amar o próximo é algo profundo e por muitos não sentido, querer o próximo como a si mesmo leva-nos a ponderar que poder temos na vida de possuir algo ou alguém quando ninguém é de ninguém, quando esse algo pretendido nada mais é do que um bem adquirido que fica neste mesmo mundo, o material... Por vezes as atitudes que tomamos são reflexos dos nossos sentimentos, amar o próximo é investir para que se possa compreender o que vai na alma desse alguém...
Ver o próximo, tudo o que não se vê a olho nu, leva-nos a perceber o sentido de amar e respeitar... Cada um de nós precisa do seu espaço temporal e físico para conseguir sentir a vida, lidar com ela e ser ele mesmo.
Procurar compreender os sentimentos dos que estão ao nosso lado ou que deixam de estar porque assim optaram é uma riqueza emocional e leva-nos a encontrar a paz interior que se desconhece possuir...
Os rumos tomados na vida existencial são momentos de procura de nós mesmos e apenas de nós, não de alguém ou para alguém. Acredito que o pensamento profundo do que somos para nós mesmos e para os outros faz-nos crescer, compreender e a (re)aprender a amar.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Vigésima Sétima Linha

O mistério da vida

Olho o céu translúcido onde sobre mim voam os anjos do amor, de corpos intensos de luz, de rostos repletos de compreensão que brilham como esmeraldas repletas de ternura. Continuo olhando para esse lugar tão vazio de matéria e tão cheio de significados.
Olho as flores que estão sob o meu corpo deitado no relvado repleto de cor, vejo-as brotar lentamente sob o luz do sol, cantando o jubileu desse momento intenso a que assisto.
Respiro profundamente o ar puro de sentimentos e absorvo por cada célula do meu corpo a mensagem da vida.
Palavras que se ligam por letras e linhas, palavras que nos descobrem o pensamento como um véu de seda que desliza sobre cada lágrima que desliza pela alma...
Olho cada pedaço do meu corpo e aprendo a lição terna da vida, o sentir... sinto-me em harmonia eterna com o mundo que me gerou e com a realidade a que pertenço, o alto dos céus.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Vigésima Sexta Linha

Sinto saudades...

Sinto saudades do eterno ar que me bombeia,
Da vida extasiante que desconheço,
Dos momentos passados aí... contigo.
Sinto saudades dos cheiros de criança,
que residem fortunadamente na minha memória,
Dos sonhos bons que desconheço de olhos fechados,
Das alegrias eternas de estar aqui.
Dos passos acompanhados dos teus,
Dos sorrisos ingénuos da alma
Que me habita...

Este sentimento de nostalgia
embriaga-me com o teu sorriso,
faz-me procurar a tua luz na minha luz,
faz-me querer que esta saudades vazia
Possa ser preenchida no calor do teu olhar...
Olho a Lua intensa de mistérios,
Vejo-me sentida neste lugar de nada
Neste lugar de tudo em Lua Cheia...
Anseio pela palavra jamais dita
Num futuro que se limita ao Agora da minha existência...
Será esta saudade a lembrança de que sinto?
Será esta saudade a verdade eterna de ti?
Será esta saudade simplesmente eu procurando por mim,
Sim... só o poderá ser... não?...

quinta-feira, 20 de março de 2008

Vigésima Quinta Linha

O que quererei eu...
Acordar a pensar o que será tudo isto por que passámos... às vezes nem queremos saber, na verdade o melhor é nem tentar adivinhar, surgem sempre surpresas...
Depois vôo na imensidão do céu, na busca insessante da alma que caminha pairando no destino e leva-nos no caminho do sonho intenso de uma noite dormida nas palhinhas do aconchego e na paz da profunda ternura que emerge dos nossos póros... Voámos... como voámos sobre campos e campos de experiências e sobre flores e árvores de companheirismo na procura daquele lugar que é só nosso, sem nome, sem número mas infinitamente nosso. Vemos cores e cores de obstáculos, procuramos o amarelo desperado, o rosa amoroso, o vermelho apaixonante, o azul pacifico, o verde esperançoso, o branco solitário, o roxo espiritual, o cinzento cansado e até mesmo o preto insensato... Como se fossem seres de imensas caracteristicas que nos esperam pacientemente nas lágrimas que tao dificilmente procuramos esconder. Surgem estas como pranchas de ski que deslizam face abaixo, libertando-se da dor, agarrando-se ao destino e rezando pela luz eterna do Senhor.
Todos o fazemos... na busca de respostas... eu ainda espero, um dia hão-de bater à minha porta, aí as cores que me acompanham serão eternas alegrias do meu ser.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Vigésima Quarta Linha

Pensando praqui na minha prática diária...

Estes últimos dias tem sido ver e fazer linhas emais linhas, e mais manchas, fica tudo tramado... Tramada estou eu, mas enfim... este é apenas mais um dia de intenso esforço em trabalhar alguma coisa e construir mais linhas e outras linhas... Sim, porque este tipo de embriaguês dá que falar... eu vez de andar às curvas ando aos ziguezagues pela força das linhas angulares e das prependiculares que me tenho cansado de traçar...
A vida é realmente uma arquitectura fantástica. Um dia cheguei a essa conclusão com uma pessoa enquanto debatiamos que sentido poderia ter a arquitectura no nosso dia a dia, como a prática da mesma podeira ultrapassar o regime processual e de entendimento do espaço fictício que tinhamos que criar. Projectos enraizados apenas em papel... assim, tornou-se importante perceber e porque não fora dele? é verdade, intensos momentos de "nada" como uma folha de papel em branco que grita para que desenhemos esse mesmo "nada" nele. As linhas meio trémulas começam a surgir e a mente de repente impressiona-nos a nós mesmos. Eu trespasso isso para o dia a dia de todos nós... de um momento para outro 'voilá' faz-se luz, aí é montada toda a instalação eléctrica!
A vida é assim mesmo como a arquitectura! Querem ver? pois bem... estás em casa, apetece-te apanhar ar, abres a janela, porque não podes ir à rua e ficas logo apto a observar o "mundo lá fora", respirar ar fresco, levar com o sol na face e ouvir os passarinhos, quando os há. A vida também é assim, muitas vezes nos sentimos aprisionados por uma determinada circunstãncia, um problema, uma aflição, que a vontade é não mais que respirar outro ar, sentires-te livre e suspenso. O que fazes? nada como refrescar as ideias!´
Os obstáculos no passeio enquanto caminhas parecem apenas erros de concepção, labirintos confusos de materiais e direcções, assim é a nossa vidinha mais uma vez... confusa, cheia de obstáculos... mas tal como conseguimos percorrer esse passeio porque temos que passar de um ponto para outro, também o podemos e devemos fazer nas situações da vida, a não ser que se procure outro caminho para seguir...
Que filosofia maluca de relacionar duas áreas como estas, a vida e a arquitectura, mas estão mais que ligadas, formam um elo imenso de compreensão do nosso viver.
Pensem nisso...


terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Vigésima Terceira Linha

Dizer Não é uma oportunidade, ouvi-lo uma possibilidade
Porque nos é tão fácil por vezes dizer que não a alguém e até a nós mesmos quando não queremos alguma coisa material por uma determinada razão? Mas porque será tão dificil dizermos não a nós mesmos quando as duvidas surgem, como o "não me parece...", "sinceramente não sei...", "é melhor não...", quando o nosso coração nos grita para dizermos que sim, que devemos arriscar, que temos que agir e considerar as hipóteses e os sinais que nos são entregues perante cada situação. Ás vezes é tão mais fácil enganarmo-nos a nós próprios e aos outros dizendo sim, "sim eu sei...", "claro que sim, prefiro não agir"... Depois começa o ego a falar por nós "não faças isso, não é seguro", "não arrisques podes levar um não", "para quê tentar, não vale a pena"... tantas mas tantas possibilidades de o não surgir para todas as situações. E ouvir um não de alguém, que medo tremendo de se ser negado, de perceber que não é para nós. Faz parte do nosso crescimento, saber sermos suficientemente humildes para aceitar o que os outros têm para nos dizer. Na verdade, há riscos que devem ser tomados, só com eles poderemos evoluir. Sabe sempre bem ouvir um sim, sobretudo quando se trata de sentimentos. Sim, sim sim!! Mas e o não, faz parte... é porque simplesmente não era para nós, não eram assim que as coisas tinham que ser. Lutar por males desnecessários simplesmente porque achamos que aquele é o melhor para nós, definitivamente não vale de nada, para além de se perder energias perde-se o juizo na maioria dos casos, aí acontecem coisas de que muitas vezes não nos orgulhámos nem de perto! Evoluir é aceitar o que cada um tem para nos dar e aprender a viver com isso porque cedo as respostas surgem e voilà! faz-se luz!